O título nada mais é do que a pressa. Tirei o carnaval para escrever o que não escrevi nos últimos meses, procrastinação!
Pois bem, falaremos sobre a procrastinação, o tempo, a pressa e pra me ajudar vou pegar umas quotes do meu livro de cabeceira.
Você que está no mercado financeiro ou pretende entrar, leia até o final! Vai fazer sentido!
Por que estou escrevendo sobre isso?
Primeiro de tudo, vou estabelecer alguns paralelos para que a discussão sobre a pressa fique mais clara.
Se você já viu como é um pipeline de um VC, com certeza você identificou que este porco desenho a sua esquerda quer retratar esse processo, onde temos várias startups que não se encaixam na nossa tese, e temos uma que se destaca e que talvez será investida.
Agora imagine comigo, você teve uma conversa com um founder, mas já viu que ele não encaixa na sua tese por nada, vamos supor que seja uma startup que se propõe a modernizar as canetas tinteiro chegando no pipeline da Rural Ventures: Você vai marcar mais 3 conversas com ela sabendo que em 9 dias você tem um comitê de investimento onde levará uma outra startup e o memo ainda não está nem finalizado?
Sejamos francos, você não vai marcar, e se marcar estará jogando seu precioso tempo fora, porque sempre vão chegar muitas startups diferentes e você além de precisar filtrá-las, precisará ainda dar sequência naquela que aparenta ser mais provável um investimento ser realizado.
E o mesmo é importante que você leve para seu dia a dia.
A importância do tempo
No fim do blog, tem uma frase do Sêneca, no livro “Sobre a Brevidade da Vida”, que recomendo a todos que conheço, a leitura. No livro, é clara a reflexão sobre brevidade das nossas vidas (sério thomaz? não me diga!) e como lidar com a curta passagem que temos aqui.
Portanto, por gostar muito desse livro vou pegar umas passagens que gostei e colocar aqui com algumas reflexões para que você não precise ter uma leitura massante de um livro de filosofia, e aplique-as, seja no pipeline da sua gestora, na sua vida, no seu processo de scouting, no supermercado ou em qualquer lugar que você possa achar que caiba.
Quotes que explodiram minha cabeça
1. Capítulo 9 – O caminho/processo
“Para os tristes mortais, os melhores dias da vida são sempre os que fogem primeiro.” (Virgílo, Geórgicas III, 66-7)
Essa foi uma das quotes desse livro que de fato me surpreenderam, e podemos abstrair para vários caminhos, seja pro lado de que aqueles que não abstraem a vida como um todo valorizam um “camaras no vila” mais do que qualquer coisa, ou no âmbito em que não percebemos o tempo escapar pelas nossas mãos e assim, pensando no futuro, desperdiçamos o caminho.
Eu prefiro a segunda, pela própria reflexão do livro acima dos “ocupados”, dado que, quando me coloco na posição de estar ocupado, apenas quero tirar as coisas da frente e não me preocupo em fazê-las com esmero, ou com o devido cuidado, ou sem deixar passar sequer um erro – Sempre vai ter algo! – Mas nesse caso, é muito falado de desperdiçar o caminho e/ou não me atentar com as mudanças que surgem nesse caminho, portanto o ocupado tem 2 maneiras de chegar ao fim:
Usando a ferramenta errada e menos eficiente para percorrer o caminho, dado que não vi as mudanças acontecerem; Portanto, não chega onde almeja.
Chega onde almeja, mas nunca lhe sobrou tempo para olhar para os breadcumbs, e se tempo tivessem, a recordação do passado seria amargorosa.
Portanto, sendo ocupado basta compreender:
O trajeto passa do mesmo jeito. Cabe você ler esse trajeto e aprender ao longo do caminho, ou pensar no futuro incessantemente e não ser capaz de atingir o que tanto almeja porque desperdiçou o presente.
Essa frase tá escrita em letras de garrancho no livro que faço questão de judiar enquanto leio e é uma das reflexões que me pego conversando ao discutir com outras pessoas do mercado financeiro que estão saindo de IB, por exemplo, para Private Banking ou outro setor.
2. Capítulo 3 – “Tamquam semper uicturi uiuitis”
“Viveis como se sempre havereis de viver.”
Esse é um dos capítulos que te faz refletir e o que mais me pegou aqui nesse é quando o diálogo se interrompe e se é pedido para que quem ouça faça o “cômputo de sua existência", o que nos faz perceber que, de fato, temos de anos vividos, menos que enumeramos. Ou seja, deixamos de viver tanto que devíamos em função do que viesse a nos atrapalhar “as externalidades”.
Agora o paralelo de VC x gestão de tempo do começo desse texto faz mais sentido, não?
No final das contas, essa é uma das reflexões mais simples, mas podemos alocá-las em toda área de nossas vidas, seja no trabalho (filtrando a melhor startup), seja no mercado acabando suas compras com velocidade e não gastando tempo olhando, por exemplo, o corredor de kitchen amenities, ou até no dilema do preciosismo ao fazer algo.
Não adie as decisões sensatas, isso é o que livro fala, mas antes de ele trazer isso de maneira mastigada ele te dá umas porradas:
“Repassa na memória, quando é que estiveste seguro de uma decisão tua, quão poucos dias decorreram tal como havias planejado, em que momento estiveste disponível para ti […] quantas pessoas saquearam tua vida sem que tu percebesses o que perdias […]. Compreenderás que estavas morrendo prematuramente”
3. Capítulo 12 – A mentira para si próprio
Esse é porrada!!! (É a que fica no final do site)
No capítulo 12, a discussão volta muito encima dos ociosos a fim de definirmos quem são eles. E após contar uma crônica acerca de um homem que não sabia discernir se estava sentado ou não, em função de ter sido retirado do banho por várias mãos (mordomia).
“Este que ignora se está sentado, tu achas que ele sabe se vive ou se enxerga ou se está ocioso? Eu não poderia facilmente dizer qual das duas coisas me dá mais pena: o fato de ele não saber isso ou o de fingir não saber.”
O ponto chave dessa discussão é dizer que: Pessoas realmente esquecem, mas também simulam esquecer.
No diálogo, Sêneca afirma que a sabedoria apenas cabe aos ociosos, que não estão ocupados, portanto têm tempo de se debulhar em sabedoria, e os ocupados tendem a aprender com os ociosos – O que na minha opinião (Thomaz) é perfeito, você abstrai o que tem de melhor na percepção alheia e cabe a auto-localização – E aí que essa quote ai de cima faz sentido, por que quem não sabe se está sentado, não é sábio, portanto não é ocioso – É um morto-vivo ou um doente, nas palavras de Sêneca, não tem percepção sob si próprio. – Portanto, está atolado aos prazeres.
Agora vem como podemos aplicar isso em nossas vidas, se temos a percepção do próprio ócio, somos ocioso, portanto, temos percepção e capacidade para atingir sabedoria. Ou seja, você aplica isso na sua vida, ao perceber se você está ou não sentado, ao perceber se você esquece ou finge que esquece.
E voltando à primeira quote, percebendo onde você está no caminho, este fica mais proveitoso, menos vultuoso e eu chego onde almejo com velocidade, usando a ferramenta certa.
Queria acabar com as quotes, mas ia ficar jogado
No final das contas, essas percepções na época em que li me fizeram dar um 360 onde estava e repensar algumas decisões e projetar ações futuras, sem que elas drenassem meu presente, e com essas quotes o aprendizado é simples:
- Seja ocupado da maneira correta, pense no futuro com sabedoria;
- Não adie para o futuro as decisões sensatas;
- Saiba onde você está.
Com esses 3 pontos aí encima, você é capaz de tomar uma escolha que se orgulhe, sem pressa.